Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita funciona há 28 anos no município atendendo a jovens carentes, que estudam em escolas públicas. Projeto está ameaçado de ser extinto por conta da suspensão de repasse do dinheiro da prefeitura
Tianguá. Após manifestos nas redes sociais, a Sociedade Musical Tianguaense (Somut) ganha repercussão internacional devido à falta de verbas para funcionamento. Há 28 anos na Serra de Ibiapina, o projeto da Orquestra Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita que trabalha com jovens carentes se encontra hoje com aluguel da sede atrasado e água e luz cortados.
Tianguá. Após manifestos nas redes sociais, a Sociedade Musical Tianguaense (Somut) ganha repercussão internacional devido à falta de verbas para funcionamento. Há 28 anos na Serra de Ibiapina, o projeto da Orquestra Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita que trabalha com jovens carentes se encontra hoje com aluguel da sede atrasado e água e luz cortados.
Além do apoio da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), a orquestra tem recebido ligações de todo o País, além de empresários ingleses e escoceses, que mostram interesse no projeto. No último dia 21 de abril, a orquestra recebeu a visita do escocês Ian Wiseman, dono da empresa Steiner Music Sopros Brasil de instrumentos musicais da Inglaterra, que extasiado com o talento dos menores que fazem a Orquestra Filarmônica Dr. Edvaldo Moita doou para a entidade belos instrumentos como um sax soprano, uma flauta transversal e um trompete.
Ian tomou conhecimento da situação financeira do Somut através do blog da entidade e veio exclusivamente conhecer o projeto. Na ocasião, ele confirmou apoio ao causa e disse que pretende acompanhar a situação da instituição.
Ele voltará a Tianguá no fim do ano e continuará colaborando com a doação de instrumentos, além de trazer para o Brasil a representação as Steiner Music, da qual o Samut será parceiro de divulgação e vendas. De acordo com o maestro Ângelo Moita, o convênio de verbas com a Prefeitura de Tianguá, garantia um repasse de R$7.800,00 mensais, destinado a manutenção da Orquestra. "Após a troca de gestão, esse convênio não foi renovado por ser considerado muito caro. As tentativas de conversa com o gestor Jean Azevedo e o Secretário de Cultura do Município, Francisco Albery Nogueira Nunes, foram infrutíferas".
O maestro conta que as atividades com as crianças e adolescentes ainda não encerraram, e a meta do Somut, caso consiga novo convênio, é ter pelo menos mil alunos até o fim do ano. Com o corte de gastos, atividades como apresentações fora do Estado foram canceladas.
Resistência
"A atividade geral continua; a banda ainda funciona, porém em situações precárias. Perdemos muitos compromissos dentro e fora do Ceará, dentre eles uma apresentação em Paraíba". O suporte atual é de 200 alunos, que se revezam em turmas de 50 para as apresentações. Todos os participantes são exclusivamente alunos de escolas públicas e em sua maioria em situação de risco. Com idade média entre oito e 16 anos, eles são encaminhados à orquestras por médicos, conselheiros e raramente por familiares.
Terapia
"Por lidarmos com instrumentos de sopro, muitos médicos indicam que as crianças participem da orquestra, para exercitar o diafragma". Ele explica que a orquestra funciona como terapia, principalmente para os alunos que possuem problemas em casa. "Não é difícil encontrar um adolescente apontado por profissionais com sinais de depressão, ou que venha de uma família problemática. Não raro temos que discutir com os pais para que a criança ou adolescente continue com as atividades". Dentre os benefícios apontados por Ângelo, a recuperação de jovens que se envolviam com drogas ou viviam em ambiente propicio ao vício é um dos mais importantes para o maestro.
Grande parte de seus antigos alunos se encontram hoje formados em diversas áreas. "Dou aulas em comunidades realmente muito carentes, os riscos que meus alunos encontram são imensos, e a música os ajuda a ter uma perspectiva melhor de vida. Hoje tenho ex-alunos que são engenheiros, advogados e inclusive a maior parte dos professores da rede pública de ensino local. Todos apontam a filosofia do Somut como o modelo que eles usaram para seguir na vida", conta.
Tendo se dedicado ao projeto desde o final de sua faculdade, em 1981, Ângelo afirma que se encontra completamente desgostoso com o descaso do Poder Público Municipal. Ele conta que já tocou para personalidades como o Papa João Paulo II e Ayrton Senna, e considera a música como a oportunidade de muitos jovens avançarem na vida. "Esse projeto é minha vida, minha família. Os adolescentes que participam dele deixam de se envolver com drogas e criminalidade, e a falta de apoio para continuar me deixa doente de desgosto", se emociona.
Maestro Martins
Ele conta que o maestro João Carlos Martins também ligou quando ouviu falar da situação e declarou apoio ao pedido da OAB. "O maestro João Carlos afirmou que essa luta também era dele. Temos uma história muito longa para terminar assim", recorda. A reportagem tentou entrar em contato com o prefeito e secretário de Cultura do município. Não houve resposta até o fechamento da edição.
Mais informações
Sociedade Musical Tianguaense (Somut) - Orquestra Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita
(85) 9984.3316 ou http://www.somuttiangua.blogspot.com.br/
Ian tomou conhecimento da situação financeira do Somut através do blog da entidade e veio exclusivamente conhecer o projeto. Na ocasião, ele confirmou apoio ao causa e disse que pretende acompanhar a situação da instituição.
Ele voltará a Tianguá no fim do ano e continuará colaborando com a doação de instrumentos, além de trazer para o Brasil a representação as Steiner Music, da qual o Samut será parceiro de divulgação e vendas. De acordo com o maestro Ângelo Moita, o convênio de verbas com a Prefeitura de Tianguá, garantia um repasse de R$7.800,00 mensais, destinado a manutenção da Orquestra. "Após a troca de gestão, esse convênio não foi renovado por ser considerado muito caro. As tentativas de conversa com o gestor Jean Azevedo e o Secretário de Cultura do Município, Francisco Albery Nogueira Nunes, foram infrutíferas".
O maestro conta que as atividades com as crianças e adolescentes ainda não encerraram, e a meta do Somut, caso consiga novo convênio, é ter pelo menos mil alunos até o fim do ano. Com o corte de gastos, atividades como apresentações fora do Estado foram canceladas.
Resistência
"A atividade geral continua; a banda ainda funciona, porém em situações precárias. Perdemos muitos compromissos dentro e fora do Ceará, dentre eles uma apresentação em Paraíba". O suporte atual é de 200 alunos, que se revezam em turmas de 50 para as apresentações. Todos os participantes são exclusivamente alunos de escolas públicas e em sua maioria em situação de risco. Com idade média entre oito e 16 anos, eles são encaminhados à orquestras por médicos, conselheiros e raramente por familiares.
Terapia
"Por lidarmos com instrumentos de sopro, muitos médicos indicam que as crianças participem da orquestra, para exercitar o diafragma". Ele explica que a orquestra funciona como terapia, principalmente para os alunos que possuem problemas em casa. "Não é difícil encontrar um adolescente apontado por profissionais com sinais de depressão, ou que venha de uma família problemática. Não raro temos que discutir com os pais para que a criança ou adolescente continue com as atividades". Dentre os benefícios apontados por Ângelo, a recuperação de jovens que se envolviam com drogas ou viviam em ambiente propicio ao vício é um dos mais importantes para o maestro.
Grande parte de seus antigos alunos se encontram hoje formados em diversas áreas. "Dou aulas em comunidades realmente muito carentes, os riscos que meus alunos encontram são imensos, e a música os ajuda a ter uma perspectiva melhor de vida. Hoje tenho ex-alunos que são engenheiros, advogados e inclusive a maior parte dos professores da rede pública de ensino local. Todos apontam a filosofia do Somut como o modelo que eles usaram para seguir na vida", conta.
Tendo se dedicado ao projeto desde o final de sua faculdade, em 1981, Ângelo afirma que se encontra completamente desgostoso com o descaso do Poder Público Municipal. Ele conta que já tocou para personalidades como o Papa João Paulo II e Ayrton Senna, e considera a música como a oportunidade de muitos jovens avançarem na vida. "Esse projeto é minha vida, minha família. Os adolescentes que participam dele deixam de se envolver com drogas e criminalidade, e a falta de apoio para continuar me deixa doente de desgosto", se emociona.
Maestro Martins
Ele conta que o maestro João Carlos Martins também ligou quando ouviu falar da situação e declarou apoio ao pedido da OAB. "O maestro João Carlos afirmou que essa luta também era dele. Temos uma história muito longa para terminar assim", recorda. A reportagem tentou entrar em contato com o prefeito e secretário de Cultura do município. Não houve resposta até o fechamento da edição.
Mais informações
Sociedade Musical Tianguaense (Somut) - Orquestra Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita
(85) 9984.3316 ou http://www.somuttiangua.blogspot.com.br/
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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