A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, para este mês de outubro, os testes da vacina contra a dengue desenvolvida por pesquisadores do Instituto Butantan, em conjunto com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Após ser testada em animais e em seres humanos, nos EUA, a vacina gerou resultados positivos.
De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), a dengue foi responsável por 38 óbitos no Estado. Dos 50.992 casos de notificados nos 184 municípios, 21.821 foram confirmados, em 156 municipalidades. Fortaleza lidera o ranking entre as cidades do Estado, com 7.913 ocorrências, o que corresponde a 36,2% dos casos. O município de Maracanaú ocupa o segundo lugar, com 1.494 casos, representando 6,8% das infecções.
No que diz respeito aos números de mortes, Fortaleza também liderou os índices, com 20 óbitos. Os municípios de Maracanaú e Maranguape somam seis óbitos, Aracoiaba duas. Já as regiões de Caucaia, Iguatu, Beberibe, Caridade, Cascavel, Chorozinho, Palmácia, Varjota, Itapiúna e Itaitinga registraram um óbito cada. Em todo o Estado, 21.821 pessoas adoeceram de dengue clássica, 90 obtiveram a doença com complicação, levando a óbito 29 pessoas. A dengue hemorrágica foi responsável por 43 vítimas, causando a morte de nove pessoas.
Quatro tipos
O diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Precioso, afirma que a principal dificuldade para a produção da vacina é devido à existência de quatro tipos de vírus, com características próprias que causam a dengue. “A vacina precisa proteger as pessoas contra os quatro vírus ao mesmo tempo”, ressalta.
Os vírus foram identificados e modificados nos EUA e, então, encaminhados para o Instituto Butantan, onde realizou-se a cultura desses vírus e a produção da vacina brasileira. Nos EUA, a vacina foi testada em voluntários e comprovou ser imunogênica. Após o teste, as pessoas produziram anticorpos contra os quatro tipos de vírus. “Os EUA não são um país endêmico de dengue. Por isso é importante testar a vacina no Brasil, em uma população exposta ao risco de contrair dengue”, justifica Precioso.
Testes em duas partes
Os testes realizados no Brasil correspondem à segunda fase do estudo, que está decomposta em duas partes. Na primeira fase, 50 voluntários que nunca tiveram dengue serão vacinados. Alexander informa que esse perfil é mais parecido com o perfil dos voluntários dos EUA. Os primeiros voluntários, adultos de ambos os sexos saudáveis, serão recrutados pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Já na segunda parte do teste, será aplicada a vacina em outros 250 voluntários adultos, que podem ou não ter tido histórico de dengue antes. O objetivo é demonstrar o perfil de segurança da vacina, ou seja, identificar possíveis efeitos adversos tanto no local de aplicação como os efeitos sistêmicos, e verificar se ela é capaz de levar à produção do anticorpo.
Terceira fase
Após o teste nos 300 voluntários, terá início a fase III do estudo, quando será recrutada uma quantidade muito maior de voluntários, representando outras regiões do Brasil e diferentes faixas etárias. Depois dessa terceira etapa, os resultados estatísticos poderão dizer se a vacina realmente funciona. Se a vacina for eficaz e segura, ela poderá, finalmente, ser registrada pela Anvisa. “A intenção do Instituto Butantan é disponibilizá-la para o Ministério da Saúde para que ela entre no calendário nacional de vacinação”, espera Precioso. A expectativa é que a vacina esteja disponível para a população em 2018.
Situação no Ceará
Os municípios de Aracoiaba, Barreira, Barro, Barroquinha, Boa Viagem, Brejo Santo, Campos Sales, Canindé, Crateús, Caridade, Cascavel, Catarina, Coreau, Eusébio, Fortaleza, Ipaumirim, Itatira, Itapiúna, Maracanaú, Mauriti, Mucambo, Ocara, Pacajus, Pacatuba, Pacujá, Palhano, Parambu, Paramoti, Palmácia, Pereiro, Quixelô, Quiterianópoles, Senador Sá, Tauá, Tamboril, Trairi, Uruburetama, Uruoca e Varjota apresentam-se com incidência superior a 300 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
E em Fortaleza
O boletim do Sesa também apontou as Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza (SERs) e os bairros com maiores incidências de casos de dengue. Dentre todas as SERs, a Regional V, composta por 18 bairros, obteve 2.201 casos. Já a Regional VI, a mais populosa da Capital, composta por 29 bairros, somou 2.171 ocorrências, enquanto a Regional III que soma 17 bairros, contabilizou 1.412 casos. No ano passado, 51.701 casos de dengue foram confirmados em 167 municípios cearenses. Segundo informações da Sesa, foram confirmados 11 mortes de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 25 óbitos de Dengue com Complicação (DCC). (com informações da Agência USP).
FONTE: O ESTADO DO CEARÁ
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