DIFERENTES VERSÕES ANTECIPAM DISPUTA


As recentes movimentações dos políticos do Ceará revelam uma estratégia típica das disputas de comunicação. Antes de chegar às urnas, os atores envolvidos no processo eleitoral tramam alternativas nos bastidores. Boatos, contrainformação, balões de ensaio, blefes... Tudo para tentar causar reações e induzir o adversário ao erro. A ideia é forçar o “outro lado” a tomar decisões estratégicas erradas, baseadas em informações de bastidores ou na desconfiança dos próprios aliados. O clima é de ansiedade e incerteza.

As posições, até agora, seguem indefinidas. Nos bastidores, porém, novas informações surgem a todo o momento, o que vem aguçando a curiosidade da classe política e aumentando a tensão dos envolvidos no processo eleitoral.

De um lado, o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), por exemplo, teria desistido de concorrer ao Senado. Contudo, é cotado para ser vice do tucano Aécio Neves à Presidência da República. Quem também entra na disputa é o ex-deputado Moroni Torgan (DEM), citado para disputar a vaga de senador da República.

Do outro, aliados informam que o governador Cid Gomes (Pros) já vislumbra a possibilidade de abrir espaço para um palanque triplo para a corrida presidencial, desde que as legendas fortaleçam o palanque do seu sucessor.

No caso do senador Eunício Oliveira (PMDB), as informações de bastidores dão conta de uma aproximação do pré-candidato ao governo ao tucano Aécio Neves, que precisa de um palanque forte no Ceará para atrair mais eleitores da disputa pela Presidência da República. Eunício é da base de apoio da presidente Dilma Rosseff (PT). Um dia, aliados afirmam que o senador receberá o apoio do ex-presidente Lula. No outro, os mesmos aliados propagam a aliança “quase fechada” com o PSDB, adversário dos petistas. Oficialmente, nenhuma definição é apresentada, e as especulações avançam com o combustível lançado pelos próprios políticos.

As próximas horas na política cearense, porém, devem ser de intensas articulações e definições fundamentais para traçar um quadro mais claro da eleição de outubro. É o que afirma o cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará, Uriban Xavier. Na avaliação dele, no entanto, as especulações jogadas a cada momento, segundo justificou, fazem parte do perfil fisiológico que vem marcando as estratégias de coligações e, portanto, não servem para confundir os adversários.

“Isso faz parte do jogo e reflete um vazio do projeto político, frisando mais o interesse pessoal . São artimanhas utilizadas para criar um movimento”, declarou Uriban, acrescentando que as costuras políticas não influenciam o eleitorado, apenas o fato consumado. Em resumo, os argumentos se concentram nos campos do jogo político e das articulações.

NOVIDADE

Na avaliação de Uriban Xavier, de certa forma, a grande novidade é que Cid Gomes ficou refém do processo após rompimento de Eunício Oliveira (PMDB). Segundo ele, o governador não tem estratégia e, por isso, aguarda os movimentos para contra atacar. “Agora, isso fica muito claro. Esta difícil de costurar as alianças”, disse, ressaltando que a disputa eleitoral não é definidora apenas do nome do futuro governador do Ceará, mas do rumo dos irmãos Ferreira Gomes.

Ele afirmou que Cid ainda não sabe os impactos de enfrentar um arco forte de aliança capitaneado por Eunício, ou ter uma ampla aliança: “Ele só tem a máquina [pública] para oferecer e mais nada. Não tem nome e programa, até mesmo um partido forte, para sustentação política”, além de enfraquecer o palanque da presidente Dilma Rousseff no Ceará, caso dê um passo errado, segundo explicou.

FONTE: O ESTADO